The Boys é uma série da Amazon Prime Video
adaptada dos quadrinhos de Garth Ennis. A mesma tem seu enredo em torno de um
grupo de super-heróis, os sete (the seven), e aborda uma série de assuntos
atuais e polêmicos. Através de muita sátira são demonstrados estereótipos,
preconceitos e corrupção.
Na primeira temporada compreendemos que os super-heróis fazem parte de uma empresa privada que tem contrato com o Estado visando manter a ordem e segurança no corpo social. A empresa em questão é a Vought-American, que tem todos os direitos corporativos sobre esses “super”, gerindo suas carreiras através de filmes, programas para a TV, comerciais e todo o tipo de publicidade e merchandising. Com o desenvolvimento da série nos demais episódios e na temporada seguinte, é perceptível que o controle dessa organização perpassa para outros campos, tais como a manipulação e negociação com a política tendo como escopo interesses pessoais, bem como ultrapassando os paradigmas da ética e da moral ao modificar, por exemplo, o DNA humano. A ambição dessa corporação é gritante e alguns dos dirigentes almejam controlar os Estados Unidos da América, por intermédio da política, e essa perspectiva apenas acentua e reflete sobre o capitalismo estadunidense.
Ainda sobre os personagens da série,
nesse caso os super-heróis, há uma gama de representatividade
em relação à etnia e opção sexual, ou seja, há uma heterogeneidade na série
em se tratando das intolerâncias que estão presentes e gritantes na sociedade
em um viés mundial. Aliás, aliada a essa representatividade, há uma exploração
em relação a essa pluralidade para atrair mídia e recursos financeiros tendo
como prioridade o lucro. Os produtos e/ ou serviços ganham notoriedade, pois tudo
é valido nesse contexto para conquistar o público, inclusive usar a diversidade
para publicidade e exploração econômica.
Outro critério de juízo construído em The Boys consiste na cultura em torno das celebridades, que nesse caso são os super-heróis. Novamente, o retorno financeiro é subestimado e alcança índices altíssimos da indústria, independente dos meios utilizados para conseguir esse sucesso, não respeitando a ética.
Ainda nessa análise, um ponto enfatizado
o tempo todo no desenvolvimento da estória é a desconstrução dos super-heróis. Sendo assim, os heróis são
totalmente deturpados e, por terem vínculos laborais com a Vought-American,
acabam tendo que se submeter a várias políticas da organização. Contudo, cabe
destacar, que manter os egos desses “super” na linha não é tarefa das mais
fáceis, pois os escândalos que se tornam públicos não configuram um terço do
que eles fazem na reclusão e anonimato dos seus dias.
Outro ponto que merece destaque é a objetivação da mulher. Esse fato é
explícito ao colocar as diferenças de gênero na vivência em sociedade e na
objetificação do corpo feminino, pois se banaliza a mulher e a sua
personificação. Ainda tratando-se da mulher é pontuado o assédio e/ ou a
agressão sexual que é intrínseca ao machismo e patriarcado.
Outro utensílio político utilizado como influência
e domínio para controlar a opinião pública são as Fakes News. A série explora o poder da informação e demonstra como
esse tipo de desonestidade pode interferir num cenário político, econômico e
social de um país. É corroborando nesse quesito que as redes sociais ponderam e
disseminam notícias falsas numa velocidade alarmante. Então, a internet, por
meio desse ínterim, é uma ferramenta de grande alcance e rapidez para divulgar
informações falsas.
O
extremismo religioso também esta
presente, isto é, a igreja é representada como um mecanismo de controle de
idéias. Embora, não tenha sido devidamente explorado, mas colocado como um
plano de fundo, essa assertiva ganha uma denotação crescente ao demonstrar o
poderio e domínio da política.
Em
relação ao racismo, o seriado
trabalha com uma “ambigüidade”, pois pretende-se desestruturar a falsa
afirmativa sobre o “racismo reverso”. Uma das personagens, que é nazista, traz
frases de impactos e inverdades propagadas pelas pessoas brancas, tais como o
“genocídio branco” e “ataques aos brancos”. Contudo, uma das frases de Tempesta
(personagem nazista), descreve uma sociedade corrompida que reluta em mudar ao
declarar que “as pessoas gostam do que eu falo, só não gostam da palavra nazista”.
Essa frase sintetiza esse tema e fecha o mesmo com um gama de reflexão para os
sujeitos que usam tais argumentos para justiçar o injustificável.
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