Resenha: Questões do Coração


Título: Questões do Coração
Autora: Emily Giffin
Editora: Novo Conceito
Sinopse

Tessa Russo é mãe de duas crianças e esposa de um renomado cirurgião pediatra. Apesar dos avisos de sua mãe, Tessa recentemente abriu mão de sua carreira pra se focar na família e na busca da felicidade doméstica. Ela parece destinada a viver uma boa vida.

Valerie Anderson é advogada e mãe solteira de Charlie que tem apenas 6 anos e nunca conheceu o pai. Depois de muitas decepções, ela desistiu do amor - e até mesmo das amizades - acreditando que é sempre mais seguro não ter muitas expectativas.
Embora as duas mulheres vivam no mesmo subúrbio de Boston, elas tem muito pouco em comum além do amor pelos filhos. Mas numa noite, um trágico acidente faz suas vidas se encontrarem de um jeito inesperado.
Em uma história alternativa e com vários pontos de vista, Emily Giffin nos emociona com um livro luminoso em que boas pessoas são pegas em circustâncias insustentáveis. Cada um sendo testado de maneiras que nunca pensaram ser possível. E cada um deles descobrindo o que realmente importa.



Minha Opinião


                Acredito, que assim como quase todos os blogueiros, ao iniciar uma resenha é complexo colocar em palavras todos os sentimentos e sensações produzidas pela junção de algumas letras, que contrariando qualquer lei da física te leva há lugares nunca imaginados sem se deslocar.
            Não tenho ideia de como ocorre todo o processo dentro da editora para lançar um livro, entretanto às vezes acho que algumas sinopses são vagas e deixam a desejar. Emprestei o livro O Senhor dos Anéis para uma colega e a mesma trouxe dois romances para mim, entre eles esse.  Como o design do livro é simples e sem orelhas, simplesmente li a sinopse e em momento algum imaginei qual seria o “recheio”, até mesmo porque desconfio que se soubesse meu preconceito literário iria aflorar e perderia uma estória interessante.
            Essa obra conta a estória de duas mulheres completamente diferentes, desde suas características físicas, passando pela personalidade e, lógico por suas vidas. Nesse meio tempo o destino usa de suas artimanhas para interligar suas existências, ambas agora possuem em seu núcleo familiar um mesmo componente, Nick. O que o livro nos apresenta  são vidas transformadas por situações e escolhas equivocadas e a reflexão reside que não importa tentar encontrar culpados, nada será como antes.
            Não me recordo em nenhuma etapa de leitora ter lido algo sobre adultério e como ressaltado no paragrafo anterior, se soubesse não iria ler. A leitura é feita através de dois ângulos, em primeira pessoa onde temos a visão de Tess (esposa) e percebemos todas as dificuldades presentes na rotina de uma mulher que deixa sua carreira para se dedicar a família. E do outro lado temos Valerie, narrado em terceira pessoa, uma mãe solteira que passa por todos os tipos de preconceito em nossa sociedade  por criar um filho sozinha. Suas vidas começam a se entrelaçar quando Charlie filho de Valerie sofre um acidente e é atendido por Nick que  é médico.
            Talvez você esteja achando que um tema surreal assim não seja impactante ou prazeroso, entre todos os adjetivos que possa usar jamais diria que o prazer esta empenhado nesse enredo. Eventualmente a leitura te prende querendo saber de todo os acontecimentos que virão, todavia é triste ver duas mulheres terem suas vidas modificadas por um caso de infidelidade.
            Muitas pessoas que lerem essa obra, talvez por uma moral já estabelecida irão julgar Valerie, afinal por um curto tempo ela foi a amante, mas cabe ressaltar que não a vi dessa forma. Não estou aqui para defender ou mesmo encontrar culpado, mas ela é apenas o retrato de uma mulher independente que em determinados momentos se sente carente e reconhece que a ausência de um pai afeta o seu filho, e como muitas lá no recanto do coração sonham com uma família completa. Então, compreendo que ela foi apenas mais uma vitima das circunstâncias. Você deve esta se perguntando e Tess? Muito menos ela! Em todos os momentos senti a dor da desconfiança, o sentimento de conflito, a credibilidade no marido e claro o estresse e necessidade de atenção no final do dia.
            O mais engraçado é que embora nunca tenha vivido um caso parecido, e como sempre, hipoteticamente, ao nos imaginarmos nessa situação já idealizamos uma ação determinada. No entanto ao vivenciar algo parecido o contexto é diferente, afinal não é nada figurado, se torna uma situação real. Mesmo tendo ficado ressentida com Nick por ter colocado duas pessoas íntegras em uma situação vulnerável, e jamais justificando tal atitude, não consegui que minha raiva por ele durasse muito tempo. Temos a visão dele apenas pelo relato das duas mulheres e ele não parece ser um homem ruim, ao contrário, ele agiu de forma errônea e correu atrás do seu prejuízo, porém no caminho ficaram corações magoados.  Esses sentimentos “moídos” direta ou indiretamente mexem com todos os envolvidos e os que também não estão.
            A reflexão consiste em não existir certo ou errado, e é vergonhoso julgar as pessoas pelos padrões, ninguém sabe o que se passa na mente e no coração. Não defendo o adúltero e no meu modo de ver aquele que tem o compromisso é sempre o culpado. Sempre pensei assim, pois esse que tem o elo, o acordo, o trato ou qualquer palavra que possa ser usada para descrever compromisso seria o transgressor. Não obstante, com esse livro aprendi que todas as partes têm sua versão e julgar uma determinada ocasião pelo o que acreditamos ser a moral e a ética acaba por se tornar uma postura desigual. Outra meditação é que preciso parar de julgar livros pela sinopse, capa ou qualquer outro artificio. Novamente iria perder um livro precioso decorrente de meus preconceitos literários.

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22 comentários:

  1. Faz muito tempo que li esse livro, mas gostei bastante da proposta e das reflexões apresentadas ao longo do texto e nas entrelinhas. Sua opinião está muito bem desenvolvida, especialmente porque você soube como destacar os melhores pontos. Que bom que você deu uma chance a este livro e que tenha sido uma leitura válida!
    Beijos, Fer

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  2. Oi, tudo bem. Eu penso como você em uma traição o culpado é quem tem o eki de compromisso não a outra pessoa. Quem tem que dar respeito é aquele que está comprometido.
    Eu fiquei curiosa para saber o desfecho dessa história e o que acontece com essas duas mulheres pois pelo que li da sua resenha nenhuma das duas merece sofrer. Deve ser angustiante essa leitura.
    Com certeza quero conferir em breve.
    Bj

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  3. Oi lindona, li esse livro em 2012 e lembro da história ter me impactado da mesma forma que impactou você. Também acredito no poder do compromisso, mas aprendi a entender que cada um tem sua motivação para errar e acertar. Adorei ler sua resenha e me deu saudade dos personagens e do drama!!!
    MEU AMOR PELOS LIVROS
    Beijos

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  4. Essa capa e sua resenha me chamaram bastante atenção, espero poder ler essa obra um dia... Sou muito atrasado quanto a livros, mas nunca deixo passar uma bela obra, nem que demore muito tempo.

    Atenciosamente Um baixinho nos Livros.

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  5. O que falar de um dos meus livros favoritos da vida?
    Amo Questões do Coração. Por toda sensibilidade da autora, pela quebra de paradigmas e por me fazer rever conceitos.
    Fico feliz que tenha gostado também.
    Beijinhos
    Rizia - Livroterapias

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  6. Oi,tudo bem?
    Eu sempre achei que esse livro continha uma história chata ou melodramática demais, justamente por conta da capa (olha ai o preconceito) e nunca imaginei que pudesse ser na verdade o que você relatou em sua resenha. Fiquei extremamente intrigada pela trama que parece ser tensa e um pouco angustiante. Suas reflexões também me deixaram bastante curiosa quanto á leitura que, pelo visto, foi muito boa para você.
    Quem sabe eu não leio também?
    Beijos!

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  7. Parece um exemplar que transborda e emoções e sentimentos, sua resenha me chamou atenção pela riqueza dos detalhes e descrição da obra. Eu não conhecia este livro, tampouco a autora, mas percebi que aborda temas reflexivos e profundos que não devem ser julgados pela capa ou sinopse. Nesse ponto, sua resenha contribuiu para que me auxiliasse na formação de opiniões distintas!
    Parabéns pela publicação, Filipe Penasso - Pena Pensante

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  8. Oiee ^^
    Concordo com você quando disse que não devemos julgar as pessoas por um padrão, afinal, não sabemos o que acontece com elas, né?
    Eu não gosto da escrita da autora, já cheguei a ler dois livros dela (um deles foi justamente "Questões do coração"), mas a leitura é MUITO maçante, tanto que eu demorei muito para lê-lo. A premissa é interessante e um pouco diferente, mas a escrita...
    MilkMilks
    http://shakedepalavras.blogspot.com.br

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    1. Oi Dryh!

      Engraçado, o que justamente me chamou atenção foi a escrita da autora, eu gosto quando os livros possuem uma linguagem mais rebuscada. Beijos e obrigada pelo comentário.

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  9. Olá!
    Li esse livro há um bom tempo e não me recordo muito da trama. Acho que meu cérebro simplesmente apagou a história.
    Concordo completamente com você sobre o fato de não devermos julgar as pessoas em busca de um padrão.
    Apesar de não lembrar da trama, lembrei que não julguei Valerie e senti todas as dores de Tess. Fico feliz que você não tenha deixado seu preconceito falar mais alto e tenha perdido essa obra.
    Beijos,
    http://mileumdiasparaler.blogspot.com.br/

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  10. Olá! Confesso que nesse caso, deixaria meu preconceito literário falar mais alto e não leria esse livro. Temas assim me incomodam bastante, pois todos podemos passar por algo assim a qualquer momento e nunca saberemos o que fazer se caso realmente acontecer. Mas concordo que não devemos julgar as pessoas baseados em padrões sociais. Beijos.

    thehouseofstorie.blogspot.com.br

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  11. Olá,
    Parece ser um livro bem reflexivo. Acho que também não julgaria a Valerie e não a veria como amante ou culpada. Me interessei pela história que o livro conta e fiquei cativada a lê-lo após sua resenha. Certamente é um livro indispensável.
    Beijos!
    http://www.virandoamor.com/

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  12. Olá!
    Nossa, lendo essa sinopse eu nunca iria imaginar que o livro tratava desse tema. Diferente de você, acho que a culpa é dos dois. Eu penso sim que a culpa maior é de quem tem o elo, mas também acho que a pessoa que acaba se tornando amante também é culpada (a menos que ela esteja sendo enganada também).
    Como não li o livro, em se tratando de Valerie, não a julgo como culpada ou nada do tipo.
    De qualquer forma, não gosto de temas assim e acho que meu preconceito literário falou mais alto nesse caso... é uma dica que vou deixar passar.
    Ainda assim, parabéns pela resenha. Muito boa!
    Beijos!

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  13. Oie!
    Esse foi um livro bem indigesto para ler. Ao mesmo tempo que não conseguia parar a leitura, eu fiquei indignada com a traição que acontece. Confesso que sofri muito durante a leitura, pois senti todas as dores da personagem. É um ótimo livro!
    Bjks!
    Histórias sem Fim

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  14. Olá...
    Um tema um tanto inusitado para mim eu suponho, não sou fã de livros assim e não vai ser agora que começarei a ser, acho qualquer tipo de traição totalmente imperdoável, pessoas que eu amo já sofreram com isso e eu ja sofri com isso, mesmo assim parece ser uma estoria bem feita e cheia de tramoias pela frente, gostei da sua resenha, apenas não gostei do livro em si kk
    Beijocas...
    https://westfalllivros.blogspot.com

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  15. Olá!
    Faz muito tempo que li esse livro, mas lembro que foi uma leitura que me marcou muito por causa do tema abordado que foi a traição. Consegui compreender os dois pontos de vista narrados na história, mas assim como você, senti um pouco de raiva de Nick. Por mais que o perdão aconteça, um coração sempre sai mais magoado que o outro, mas temos que avaliar tudo o que aconteceu para chegar até ali. Gostei muito das suas impressões e me identifiquei com muitas delas durante a leitura.
    Beijos.

    Um Rascunho a Mais

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  16. Oi!
    Apesar de conhecer o livro, eu não sabia do que se tratava a história... Sua resenha me fez perceber que o enredo está fora da minha zona de conforto e que vou me irritar com o Nick, mas que pode ser uma boa leitura, então vou deixar a dica anotada.
    Beijos!

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  17. Oiii!!!

    Achei muito legal você ter lido e parado com um certo preconceito. gostaria de ser assim. Mas não sou, ainda.
    Não sei se gostaria de ler algo com essa temática. Sou mega preconceituosa com isso e não aceito traição de jeito nenhum.
    Mas gostei de ler seu ponto e vista.

    Beijinhos

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  18. Olá!
    Que bom que deu uma chance ao livro rs' eu já li e gostei muito, adoro os livros da EmilY Giffin, são ótimos e bem reflexivos. Gosto de como a autora trata as coisas com uma certa delicadeza e leveza, mesmo sendo um assunto pesado como traição. Fiquei como você, a raiva do Nick passou rápido, acho que quando vemos todos os lados ficamos sem conseguir julgar, enfim, eu adorei essa história e recomendo os outros livros da autora.

    Beijos!
    http://lovesbooksandcupcakes.blogspot.com.br//

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  19. Oi, linda! Li esse livro já faz um tempo, e jamais o esqueço. Com suas considerações me deu vontade de reler, porque quando fiz a primeira leitura era muito novinha rs. E, eu adoro livros que me confrontam e me façam rever, ainda mais um assunto tão deliicado que é "traição". Adorei suua opinião. Beijos

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  20. Olá!

    Já vi muita gente amando esse livro! Adorei a profundidade da tua resenha!
    Eu já partiria do oposto, quando vejo uma trama com traição, eu corro para ela. Adoro as questões que normalmente são levantadas nesses livros. Gosto de pensar e tentar entender cada lado.

    Bjus
    Blog Fundo Falso

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  21. Olá, tudo bom?

    O adultério, como contado nessa resenha, é um tema que eu sempre gosto de discutir. A minha opinião é que se uma pessoa está num relacionamento monogâmico (Nick) e traiu, que seja sincero com seu parceira (Tessa) contando o que ocorreu e se desculpe por quebrar sua confiança. Eu nunca culpo o outro lado (Valerie), já que não foi essa pessoa que traiu a confiança, sabe? A não ser que seja um pessoa em que você conheça e também confia, como um amigx ou familiar, não há por que ficar com raiva dessa pessoa. O que eu vejo muito é pessoas que estão namorando/noivos/casados ficarem ofendendo o outro lado como se fosse o único culpado, não percebendo que foi o seu parceirx que quebrou uma promessa de ser fiel.

    Enfim, sobre o livro, não é um tema que eu goste muito de ler, então não fiquei interessada pela leitura. Mas obrigada pela dica, mesmo assim ;)

    Beijos.

    http://instantesmemoraveis.blogspot.com.br/

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