Resenha: Desventuras em série 1 - Mau começo

Título: Desventuras em série 1 - Mau começo
Autor: Lemony Snicket
Editora: Cia das Letras


Mau começo é o primeiro volume de uma série em que Lemony Snicket conta as desventuras dos irmãos Baudelaire. Violet, Klaus e Sunny são encantadores e inteligentes, mas ocupam o primeiro lugar na classificação das pessoas mais infelizes do mundo. De fato, a infelicidade segue os seus passos desde a primeira página, quando eles estão na praia e recebem uma trágica notícia. Esses ímãs que atraem desgraças terão de enfrentar, por exemplo, roupas que pinicam o corpo, um gosmento vilão dominado pela cobiça, um incêndio calamitoso e mingau frio no café da manhã. É por isso que, logo na quarta capa, Snicket avisa ao leitor: "Não há nada que o impeça de fechar o livro imediatamente e sair para uma outra leitura sobre coisas felizes, se é isso que você prefere".
Em 2005, Jim Carrey estrelou uma versão cinematográfica dos três primeiros livros da série, no papel de conde Olaf.

            Desventuras em série – Mau começo – conta a história de três irmãos que possuem habilidades distintas. Violet, a mais velha, tem o dom de construir invenções peculiares. Klaus é o leitor, o mesmo tem a leitura como fuga da realidade, sendo capturado para um mundo de emoções. E claro, a caçula e pequena Sunny, que gosta de morder. O que eles têm em comum além de serem irmãos? São órfãos, tem uma pequena fortuna e o seu tutor legal é o conde Olaf.

            Creio que muitos, se não leram, já assistiram o filme baseado no livro. Tal obra caiu em minhas mãos por intermédio do destino, onde fui presenteada por um enredo exímio, com planos maquiavélicos e mentes inteligentes que agem de forma constante para desvendar as artimanhas presente na estória. Entretanto por mais cativante que seja a narrativa é destinada ao público infantil.

            Antes de fazer minhas considerações, cheguei a achar o livro frívolo, entretanto refleti e olhei através de outro ângulo. Toda a explanação é feita para agradar e atrair crianças e/ou adolescentes, sendo a linguagem mais fácil, as palavras unidas aos seus significados, os capítulos pequenos, portanto com poucas páginas. Creio que para facilitar a interpretação também essa é uma ótima escolha para adultos que pretendem aprender sobre mundos novos, sendo seduzidos por argumentos de fácil entendimento e se aventurando em contextos extraordinários.

            Lemony envolve seus leitores a todo instante, é fácil imaginar qualquer cena, pois seu exemplar contém imagens interligadas ao contexto. A leitura é fluída e em pouco tempo consegue-se terminar a obra. Talvez, se não tivesse sido sucumbida mais cedo por todo o cenário literário meu encanto seria maior, entretanto já me rendi a várias fábulas, vivi várias narrativas, visitei diversos mundos e me afoguei dentro de abundantes textos, o resultado de tudo isso é apenas uma leitura satisfatória sem nenhuma trama surpreendente.

            Aconselho a leitura, a mesma te cativa, mas por não ser destinado ao público adulto, seu encanto seja singular. Afinal, o olhar de um adulto é totalmente transformado do olhar inocente de uma criança.

           

“Não sei se vocês já perceberam, mas as primeiras impressões muitas vezes são inteiramente falsas” (p.31)

“(...) quando perdemos um ente querido, os amigos às vezes nos evitam, justamente quando a presença de amigos é mais necessária.” (p.37)

“A não ser que vocês tenham tido uma sorte rara, raríssima, na vida, certamente terão passado por experiências que os fizeram chorar. Ou seja, a não ser que tenham tido essa sorte raríssima, vocês sabem que uma boa e longa sessão de choro é capaz de melhorar nosso ânimo, mesmo que as circunstâncias se mantenham as mesmas.” (p.57)