RESENHA: SÉRIE PERDIDA - PERDIDA - LIVRO 1 - SEM SPOILER

Título: Perdida
Autora: Carina Rissi
Editora: Verus

Sinopse

Sofia vive em uma metrópole e está acostumada com a modernidade e as facilidades que ela traz. Ela é independente e tem pavor à mera menção da palavra casamento. Os únicos romances em sua vida são aqueles que os livros proporcionam. Após comprar um celular novo, algo misterioso acontece e Sofia descobre que está perdida no século dezenove, sem ter ideia de como voltar para casa ou se isso sequer é possível. Enquanto tenta desesperadamente encontrar um meio de retornar ao tempo presente, ela é acolhida pela família Clarke. Com a ajuda do prestativo e lindo Ian Clarke, Sofia embarca numa busca frenética e acaba encontrando pistas que talvez possam ajudá-la a resolver esse mistério e voltar para sua tão amada vida moderna. O que ela não sabia era que seu coração tinha outros planos...

SÉRIE PERDIDA

Livro 1: Perdida
Livro 2: Encontrada
Livro 3: Destinado
Livro 4: Prometida

        Um romance clichê, um conto de fadas contado por uma nova perspectiva, um cavalheiro com todas as características  de um perfeito príncipe, uma fada madrinha em uma configuração mais moderna, um cavalo lindo e rebelde e uma mocinha independente e viciada em tecnologia e tudo isso em uma viagem do tempo para o século XIX. Talvez, todos esses componentes tivessem tudo para dar errado de tão meloso, mas ao contrário do que se possa deduzir: é a mistura perfeita para um romance envolvente e cativante.

Confesso que as novas “roupagens” me assustam um pouco e como a única princesa que conheço com fada madrinha (ou lembro) é a cinderela esse romance teve um pequena, mas bem leve, pitada desse clássico. Até mesmo pelas mais diferentes razões, visto que a única semelhança fica restrita apenas no século e na fada madrinha.

Sofia é formada em administração, tem uma vida monótona e ama os romances de Jane Austen. Sua vida só sai um pouco da rotina (trabalho/ casa) porque sua amiga Nina a força a sair às vezes com ela e com o namorado da mesma, o Rafa. Diante dessa vida entediante em que não há crença no amor e nem nos felizes para sempre somos contemplados com um conto de fada as avessas, e essa nova versão é tão contagiante quanto à estória original.

Ian é perfeito, literalmente! Ele tem 21 anos e é demasiadamente responsável, compreensivo, educado, cavalheiro e apaixonante. A forma como ele se envolve com Sófia é muito madura, principalmente para um cara que viveu dois séculos antes do nosso. O que mais gostei desse livro é que ele foge muito da concepção dos livros "históricos"*, isto é, além da viagem do tempo a mocinha não é virgem, é mais velha do que o seu par romântico já que tem 24 anos, é independente e cética para o amor. O que me deixou bem enervada, e posso afirmar que foi o único ponto para mim negativo, foi o fato da Sofia falar tantas gírias. Reconheço que a linguagem da contemporaneidade não é a mesma de 1830 quando estava instaurado o Brasil Império, todavia não gostei como toda hora Sofia falava num linguajar tão coloquial sem nem se esforçar para se adaptar ao novo vocabulário. Achei essa parte bem “forçada” para mostrar que a mesma não era daquela época.

Tenho lido com uma freqüência anormal autores nacionais e não é algo premeditado. Como esse hábito é algo inusitado e ao mesmo tempo novo, pois leio nacionais mais não um atrás do outro, tenho me acostumado com escritores da atualidade que colocam seus personagens em um contexto diferente do Brasil, por exemplo, geralmente a narrativa acontece nos Estados Unidos da América. Logo, toda a ambientação da Carina Rissi ocorre no cenário nacional  o que me deixou bem entusiasmada. Outra peculiaridade foi o cuidado na estruturação da trama e como a autora teve a sensibilidade de explicar no final da obra as razões de não ter abordado alguns pontos históricos em seu enredo.

Em vista disso, o final é surpreendente e emocionante. As adversidades incluídas na obra foram na medida certa e sem dramas ou sofrimento demasiado, ao contrário, a parte como tudo flui e acontece na medida certa e de forma natural é sedutora. Os personagens secundários são tão carismáticos que é nítido que a preocupação de Carina não foi apenas com seus protagonistas, mas que todos pontos se encaixasse e que o ledor ficasse aprisionado tanto pelos empregados, quanto pelos sujeitos coadjuvantes, e ouso dizer que até mesmo por um cavalo.

Por fim, posso afirmar que embora tenha visto muitos blogs falando bem da autora ainda não havia experimentado a sua escrita e não me arrependi. Não recordo quando ou onde comprei o livro, mas esse é um exemplar que irei guardar com muito carinho e com a certeza que cada centavo valeu à pena. Assim é incontestável que se o leitor não consegue se envolver com romances dedutivos e com estereótipos tão comuns nesse tipo de ficção todos os pontos serão visualizados por um ângulo cansativo e até irritante, porém se esse faz seu estilo pode se dedicar a leitura; a sensação será uma das melhores. 

*No sentido de estória 

Outras Informações

1- Não sabia que era uma série e só descobri depois que acabei a resenha;

2- Achei a capa, principalmente a ilustração do tênis, muito pertinente ao desenvolvimento da estória;

3- Estou deixando alguns quotes e o site da autora em anexo.

O site da autora com informações sobre a série CLIQUE AQUI

QUOTES

"-Contos de fadas podem se tornar realidade, Sofia. Basta que a princesa não lute contra a própria felicidade" (p. 198).

"[...] Sabe, Ian, você é muito estranho". "-Sem querer ofendê-la, senhorita,  o mesmo se aplica a você" (p. 105).

"-Liberdade? [...] Minha alma já não me pertence mais Como posso ser livre?" (p. 259).